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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

TRANSTORNO DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO

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O que é?
O transtorno de ansiedade de separação é caracterizado por ansiedade excessiva em relação ao afastamento de um dos pais (normalmente a mãe) ou seus substitutos, não adequada ao nível de desenvolvimento, que persiste por, no mínimo, quatro semanas, causando sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente.
As crianças com Transtorno de Ansiedade de Separação tendem a vir de famílias muito unidas.
Quando separadas de casa ou das figuras principais de vinculação, elas podem exibir, de um modo recorrente, retraimento social, apatia, tristeza ou dificuldade para concentrar-se no trabalho ou em brincadeiras.

Este medo causa sofrimento significativo e prejuízos importantes nas áreas social, escolar e familiar. Crianças e adolescentes com este transtorno tornam-se extremamente ansiosas quando não estão em companhia dos pais, o que causa queda de desempenho escolar e dificuldade de interação com colegas. Não raro, a mãe desiste de trabalhar ou ter outras atividades para dar segurança ao filho.

Qual a população atingida?

Na população infanto juvenil, em geral, estima-se que cerca de 4% dos indivíduos sofram de graus variáveis deste transtorno. Já entre crianças e adolescentes atendidas em algum serviço ambulatorial este índice salta para 27% a 38%, o que nos dá uma ideia da gravidade do problema. O transtorno parece ser ligeiramente maior no sexo feminino, mas a diferença não é significativa. Pesquisas sugerem que este problema pode ser mais comum em crianças cujas mães sofram de transtorno do pânico. O problema se inicia antes dos 18 anos e tem duração mínima de quatro semanas.
Sinais de alerta para a ansiedade de separação em crianças e adolescentes:
- Sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de vinculação;
-Preocupação persistente e excessiva acerca de perder, ou sobre possíveis perigos envolvendo figuras importantes de vinculação;
-Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de vinculação (p. ex.: perder-se ou ser sequestrado);
-Relutância persistente ou recusa a ir para a escola ou a qualquer outro lugar, em razão do medo da separação;
-Temor excessivo e persistente ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de vinculação em casa ou sem adultos significativos em outros contextos;
-Relutância ou recusa persistente a ir dormir sem estar próximo a uma figura importante de vinculação ou a pernoitar longe de casa;
-Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação;
-Repetidas queixas de sintomas somáticos (cefaléias, dores abdominais, náusea ou vômitos) quando a separação de figuras importantes de vinculação ocorre ou é prevista.

O que causa a ansiedade de separação?
Como em qualquer outro transtorno de ansiedade, existe uma interação de fatores biológicos e ambientais. Crianças e adolescentes com predisposição genética para a ansiedade podem apresentar este transtorno, risco que cresce progressivamente se ela viver em um ambiente estressante, em famílias ansiosas e passar por alguma situação traumática.
É importante observar o comportamento de pais e familiares: se eles demonstram preocupação excessiva com doenças, assaltos, desastres ou mesmo acontecimentos do cotidiano na presença da criança. Esta característica não só sinaliza para a predisposição genética, como também cria a predisposição psicológica, já que a criança estrutura sua personalidade principalmente com as pessoas e ambientes em que passa mais tempo. Além disso, o costume de controlar o comportamento da criança com base em ameaças sobrenaturais e imaginárias ("bicho-papão", "homem do bueiro", "cuca", "papai do céu vai te castigar") predispõe a criança a ter reações de ansiedade frente a perigos inexistentes, demandando assim a presença integral da figura de vinculação importante para se sentir segura.

Tratamento

Quando há recusa escolar, o retorno à escola deve ser o mais rápido possível, para evitar cronicidade e evasão escolar. Deve haver uma sintonia entre a escola, os pais e o terapeuta quanto aos objetivos, conduta e manejo. O retorno deve ser gradual, pois se trata de uma readaptação, respeitando as limitações da criança e seu grau de sofrimento e comprometimento.
As intervenções familiares objetivam conscientizar a família sobre o transtorno, auxiliá-los a aumentar a autonomia e a competência da criança e reforçar suas conquistas.
É importante que os pais e parentes próximos se conscientizem da importância de mudar seus possíveis comportamentos ansiosos e tendência à preocupação devido ao impacto negativo causado nas crianças.
Além disso, os pais devem promover os comportamentos independentes dos seus filhos.
Os pais precisam incentivá-los a superar seus medos e, jamais, subestimarem sua competência para lidarem com situações temidas.
As intervenções farmacológicas são necessárias quando os sintomas são graves e incapacitantes, embora estudos controlados documentando seu uso sejam limitados.
O uso de antidepressivos tricíclicos (imipramina) mostrou resultados controversos.
Os benzodiazepínicos, apesar de poucos estudos controlados que avaliem a sua eficácia, são utilizados para ansiedade antecipatória e para alívio dos sintomas durante o período de latência dos antidepressivos.
Os inibidores seletivos da recaptura de serotonina podem ser efetivos para o alívio dos sintomas de ansiedade, sendo considerados medicação de primeira escolha devido ao seu perfil de efeitos colaterais, sua maior segurança, fácil administração e quando há comorbidade com transtorno de humor. 
A utilização de beta-bloqueadores em crianças não está bem estabelecida.
É importante que os pais e parentes próximos se conscientizem da importância de mudar seus possíveis comportamentos ansiosos e tendência à preocupação devido ao impacto negativo causado nas crianças. Além disso, os pais devem promover os comportamentos independentes dos seus filhos. Os pais precisam incentivá-los a superar seus medos e, jamais, subestimarem sua competência para lidarem com situações temidas.
Por Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva (Médica Psiquiatra)

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