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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

REFLEXÃO

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Hoje resolvi trazer uma reflexão.
Quem assistiu ontem as reportagens do Fantástico sobre gestantes usuárias de Crack, e a outra reportagem sobre o assassinato de uma adolescente de 15 anos, deve estar se perguntando qual a relação ou o que um caso tem haver com outro, ou até mesmo com a psicopedagogia, bem, colocarei aqui pequenos trechos de textos:
O bebê não sabe. E a mãe?
Mães que abusaram da cocaína ou do crack durante a gravidez podem ter bebês prematuros, de baixo peso e com dificuldades de aprendizagem.
O doutor Dráuzio Varella mostrou a vida de jovens dependentes que engravidam e, mesmo assim, continuam se drogando.
Como ajudar essas mulheres? Que tipo de vida espera esses bebês? 

Samara tem 21 anos e não é uma gestante qualquer. Ela usou crack durante as 20 primeiras semanas de gestação, desde a fase mais inicial da formação do feto. 

Letícia, de 18 anos, acabou de ter seu primeiro filho. E ainda na mesa do parto precisa dar uma informação que pode fazer toda a diferença para a vida dela e da criança: ela fumava maconha, crack e usava cocaína. 
A maconha quando usada por gestantes afeta o cérebro do feto, atrapalhando as conexões dos neurônios na fase crítica do desenvolvimento cerebral.
Os receptores dos endo-canabinóides, a “maconha endógena”, ou seja, a que é produzida no organismo tem por função coordenar as células nervosas em formação para o desenvolvimento de suas funções, como: pensar, falar, se movimentar e se emocionar.
Este sofisticado e frágil sistema é seriamente prejudicado com a presença de canabinóides externos, provindos da maconha.
A cocaína é potente vasoconstrutor e diminui o diâmetro dos vasos sanguíneos, representando grande risco para o feto, ao provocar lesões graves no cérebro, más formações no intestino, crânio, face, olhos, membros, coração, genitais e aparelho urinário, microcefalia (cérebro pequeno), retardo mental e de crescimento.
Pode também provocar descolamento de placenta prematuro e aborto. Além disso, pode causar também o nascimento de crianças agitadas, insones e com dificuldades visuais. Não menos lamentável é que pode também provocar partos prematuros, com suas conseqüências e dificuldades na visão, audição e aprendizado no futuro.
Agora partes do trecho da reportagem do caso da adolescente assassinada:
Na rua, Caroline e Jardel (namorado), foram seguidos por dois assaltantes. Um é Marcus Vinícius Gomes, de 19 anos. O outro: Alex Venâncio, de 18. O que estava na frente sacou a arma, próximo dele, e falou: eu vou atirar, eu vou atirar. E ela ficou segurando a mochila e gritando. Na hora que eu pensei em puxar ela, ele já puxou o gatilho”, conta o namorado. 
Marcus Vinícius e Alex Venâncio fugiram - com as mochilas do casal – num carro, que tinha sido roubado por eles uma semana antes. Quem dirigia era Claudinei Modesto, 18 anos. 
 Marcus Vinícius - o que confessou ter atirado em Caroline - não terminou o primeiro grau.
Com 15 anos, foi internado por tráfico de drogas na fundação casa - a antiga FEBEM. Lá dentro, ele e um grupo de rapazes agrediram um menor. 
Claudinei Modesto e Alex Venâncio também não foram além do primeiro grau nos estudos. Quando eram menores, Alex foi flagrado roubando; e Claudinei se envolveu com tráfico de drogas e assaltos.
O médico Gustavo Bonini Castellana, do Instituto de Psiquiatria da USP, fez uma avaliação de 90 jovens infratores, entre 18 e 21 anos, e concluiu:
“A maioria deles não apresenta um transtorno de personalidade ou uma psicopatia”. 
Então, como explicar crimes tão banais? 

“A maioria deles comete esse tipo de ato justamente porque aquilo faz parte do histórico de vida”. Essa é a dificuldade: entender que a perda de uma vida não é algo tão banal quanto parece pra quem cometeu o crime, disse o psiquiatra.

Mais do que as condições socioeconômicas, a falta de interação entre pais e filhos, e os problemas escolares são fatores determinantes para a inserção dos jovens no mundo do crime. Esta é a conclusão que a psicóloga Maria Delfina Farias Dias chegou, após realizar seu trabalho de mestrado apresentado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A psicóloga analisou 40 jovens em situação de risco entre 12 e 18 anos das cidades de Santos e São Paulo com situações econômicas semelhantes. Os dados apontam que 35% dos infratores possuem algum tipo de problema familiar.
No grupo de não infratores apenas 8,7% apresentam o mesmo distúrbio. "Há, principalmente, uma grande quantidade de famílias monoparentais entre os adolescentes que cometeram crimes", afirma Maria Delfina.
O problema nessa organização familiar, segundo a pesquisadora, está na sobrecarga de atividades para o chefe do núcleo familiar e a atribuição precoce de responsabilidades para o adolescente. Entre os grupos dos paulistanos, não infratores, o número de adolescentes provenientes de famílias biparentais é de 73% contra 29% dos infratores que vivem na mesma situação.
Maria Delfina conta que os pais dos infratores tinham um distanciamento da vida cotidiana de seus filhos: tiveram dificuldades em responder quem eram os amigos, quais eram os lugares de lazer, quais os sonhos e expectativas de futuro. "Eles, assim, se envolviam pouco com a vida dos filhos e tinham uma organização pouco rigorosa, não sabiam a hora que eles chegavam a casa, nem sugeriam um limite".
Nas entrevistas, mais de 35% dos jovens afirmaram ter parentes com problemas como o alcoolismo ou vício em drogas. "São números altos que demonstram a necessidade de intervir na realidade dessas famílias de maneira sistemática criando políticas públicas para atendê-las", diz Maria Delfina.
Outro fator de risco para a inserção desses jovens na criminalidade constatado na pesquisa é a defasagem escolar. No grupo de infratores, apenas dois dos entrevistados tinham concluído o Ensino Fundamental. A maioria era multirrepetente e apresentava histórico de não adaptação ao cotidiano escolar. "As escolas não estão preparadas para atender aos adolescentes com comportamentos 'desviantes' e não tem recursos para estimular esses alunos", reclama a pesquisadora.
Diante desses acontecimentos trágicos e dos estudos frequentes relacionados ao da reportagem, vemos que a vida começa muito antes da concepção, ela começa com o “desejo”, desejar ter esse filho, "o planejar”, o amar, mesmo antes de “tê-lo”, mas sabemos que isso nem sempre acontece.
E muitas vezes, essa criança que ainda nem veio ao mundo, já é rejeitada, abandonada, e em algumas situações são vítimas de tentativa de homicídio que não deu certo provocado pelos próprios pais.
 Tudo isso faz parte do histórico de vida de um ser humano. Não quero aqui justificar os atos desses jovens que por nada, tiraram a vida de uma adolescente que tinha um futuro pela frente, nem julgar essas mães usuárias de drogas, pois elas também trazem um histórico de vida, mas quero sim, que pensemos na história de vida desses jovens assassinos e de tantos outros que estão por aí, ou que ainda entrarão nesse caminho. Vamos fazer as seguintes perguntas:
 Por que a maioria não termina nem o primeiro grau? Será que suas mães foram usuárias de drogas durante a gestão? Esse abandono escolar será que contribuí para um caminho de criminalidade? Como foi a infância? Que bases familiares tiveram?
As sucessivas reprovações e a expulsão da escola também colaboram para esse comportamento delinquente, sendo que esse  fracasso escolar pode ser causado por alguma dificuldade de aprendizagem, ligados também a fatores socioeconômicos,  culturais ou neurológicos.
Tudo está ligado, é como se fosse uma teia de trágicos acontecimentos e de vidas destruídas. Eu convivi com alguns adolescentes infratores na Fundação C.A.S.A (antiga Febem), pois como mencionei, fui professora nesta instituição, e pude ver a história de muitos jovens semelhantes e até piores do que desses mencionados na reportagem, muitos já viveram e passaram por coisas terríveis e imagináveis. Foi nessa época que percebi a dificuldade de aprendizagem apresentada por alguns, e que agora sei, que as dificuldades não surgem assim, mas ela começa lá atrás, antes mesmo do nascimento.





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